quarta-feira, 7 de março de 2012











A partir da observação da cidade, do que está ao redor. Das cenas de cotidiano, de algo que desperta para o olhar ou dos cartazes populares que anunciam produtos, serviços, ou placas de sinalização. As imagens vão sendo registradas em fotos de celular ou esboçadas e espremidas da lembrança em pequenos croquis que depois se transformam em gravuras. As matrizes desses trabalhos são as mais inusitadas possíveis, fundos de gaveta de eucatex, papel paraná, papelão, acetato, que serão atingidos por pontas secas, redutor, lixa, seladoras ou colagravura.  Canetas de tinta permanente de várias cores, aquarela, verniz, estêncil, carimbos e outros meios de interferência gráfica são usados para dar força às estampas. 


“O trabalho atual utiliza a modulação e a repetição para afirmar o anonimato. Uma espécie de galeria de retratos com rostos de múltiplos personagens aproxima pedaços do mobiliário com o movimento e a memória da passagem cotidiana do artista em seu trajeto pela cidade.
As marcas do fundo da gaveta guardam uma potência poética e formal que é intensificada com outros procedimentos como máscaras e estêncil. Os processos de impressão utilizados por Marcelo reforçam a presença do material, restos que revelam texturas para mostrar retratos de dentro e de fora, casa e cidade, contraponto de percurso e poética artística.”

Maria Luiza Fatorelli (Malu Fatorelli) - Doutora em Artes Visuais (EBA-UFRJ).
*(Trecho texto de apresentação da exposição Coletiva “Cadeira Virada” na Galeria Cândido Portinari na UERJ/DeCult em 2010).